José Pedro Toniosso
Professor e Historiador

O Povoado de Andes caracteriza-se como um povoado urbano localizado no município de Bebedouro, a cerca de doze quilômetros do distrito sede, sendo ligado a ele por meio da estrada vicinal Fabiano Zacarelli. Em 2010, de acordo com o Censo do IBGE, a população do Povoado era de 257 habitantes.

Os primeiros registros referentes ao povoamento da região de Andes remetem ao final do século XIX, com a formação das primeiras propriedades rurais voltadas para a produção de café e pecuária. Entre elas, conforme Manoel Izidoro Filho, se incluía a primeira fazenda do Coronel João Manoel, que em 1890, transferindo-se da cidade de São Carlos, fez aquisição de terras no município de Bebedouro, em área próxima do futuro Povoado, onde formaria as fazendas Alpes e Serra.

A formação das primeiras lavouras e o avanço da cafeicultura resultou no crescimento da população da região, formada por migrantes baianos e mineiros, além de imigrantes europeus, principalmente italianos. Com o aumento populacional, surgiram novas demandas, incluindo a implantação de escolas, o que se confirma com a publicação em 18 de junho de 1898, do Projeto de Lei no. 07, pelo Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, que criou duas unidades de ensino primário no município de Bebedouro, sendo uma delas no bairro dos Alpes e a outra no de Areias.

A implantação da estrada de ferro entre Jaboticabal e Bebedouro pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, resultou na inauguração da Estação de Andes em 29 de dezembro de 1902, fator preponderante para a formação do Povoado, tendo em vista o significativo movimento gerado pelo escoamento da produção agrícola, além do transporte de passageiros. A partir de então, aconteceram diversas melhorias para a população local, como a instalação de posto de Correio e da energia elétrica.

Com a ferrovia, Bebedouro passou por uma significativa expansão econômica, tornando-se um dos maiores produtores de café do interior paulista. Neste contexto, segundo Sílvio Carlos Bray, no auge da produção em 1928 atingiu a marca de mais de 18 milhões de cafeeiros, que ocupavam cerca de 25% da área total do município. No mesmo ano, a Estação de Andes foi responsável pelo transporte de 1.194.758 quilos do produto, o que confirma sua importância na cadeia produtiva regional.

No campo religioso, o principal símbolo da tradição católica do Povoado é a Capela dedicada à Nossa Senhora Aparecida, que desde a sua construção em 1916, tem reunido a comunidade em torno de celebrações eucarísticas e festejos em louvor à padroeira, o que fez com que a construção fosse ampliada em 1955. Em 1978 a Capela passou para a jurisdição da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, de responsabilidade dos frades da Ordem Franciscana de Bebedouro. 

Entre os eventos realizados anualmente pela Paróquia se destaca a Caminhada em Louvor à Nossa Senhora Aparecida e São Francisco de Assis, realizada na manhã do dia dedicado à padroeira, 12 de outubro, quando centenas de fiéis percorrem o trecho entre Bebedouro e Andes, em ato de fé e devoção. 

Outro ponto de referência é a Escola Alfredo Naime, que atende os estudantes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental da área urbana e rural de Andes. Até a década de 1940 o Povoado contava apenas com salas da 1ª e 2ª séries do ensino primário e para prosseguir os estudos os alunos precisavam se deslocar para Bebedouro ou Taiúva, utilizando o trem como meio de transporte. Foi quando a comunidade, liderada pelo comerciante Alfredo Naime, se organizou para a construção de uma escola que após muito trabalho, resultou na criação pelo governo do Estado do Grupo Escolar da Estação de Andes. Em 1982 a unidade escolar passou por uma reestruturação e recebeu o nome de um patrono, denominando-se a partir de então como Escola Estadual de 1º Grau Alfredo Naime. No ano 2000 ocorreu a municipalização da escola, que desde então denomina-se Escola Municipal de Educação Básica Alfredo Naime.

Se no passado a ferrovia representou a modernização e o crescimento do Povoado, sua supressão em 1966 resultou na decadência, com o fechamento da Estação e a mudança de muitos moradores para outros lugares. Com a retirada dos trilhos, o leito da linha foi substituído pela estrada vicinal Fabiano Zacarelli, entre Bebedouro e Taiúva, passando por Andes. Com a expansão da cultura da laranja, o Povoado passou por um processo de revitalização por parte do poder público municipal, o que incluiu o asfaltamento da estrada vicinal, facilitando a ligação com o distrito sede. 

Fontes de Pesquisa:
BRAY, Sílvio Carlos. As companhias ferroviárias e os ferroviários no processo de estruturação urbana e socioeconômica de Bebedouro. Bebedouro, SP: IMESB-VC, 2011.
EDUCAÇÃO: princípio da cidadania. Folha da Cidade, Bebedouro, SP, ano 3, n. 203, 30 abr. 2005. Caderno especial de aniversário.
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INSTITUTO GEOGRÁFICO E CARTOGRÁFICO DE SÃO PAULO. Municípios e distritos do Estado de São Paulo. São Paulo: IGC, 2011. Disponível em: http://www.igc.sp.gov.br/produtos/arquivos/municipios_e_distritos.pdf. Acesso em: 22 mar. 2021.
IZIDORO FILHO, Manoel. Gente que faz História. Ribeirão Preto: Ed. Legis Summa, 1993.
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LOCALIZE-SE: Bebedouro cresceu. Gazeta de Bebedouro, Bebedouro, SP, n. 9.688, 1-5 maio 2014. Suplemento especial de aniversário de Bebedouro.
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